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ENCONTRO DE VEÍCULOS ANTIGOS

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O som de motores que parece até um rugido, o cheiro que te faz lembrar a sua infância, pinturas que despertam a criatividade e o brilho cromado que ofusca qualquer outra visão – veículos antigos e raros – uma imagem que trás a nostalgia a qualquer um que observa, desde um empresário de comida chinesa Pedro da Silva Feitosa, que dedicou boa parte da vida em recuperar o antigo carro de seu pai, até o técnico em carburação Eduardo Rocha, que conseguiu realizar o sonho de infância que também era o de muitos nos anos 1980, o te ter um Maverick GT 1974.

O Encontro de Veículos Antigos acontece no Museu Militar Conde de Linhares em São Cristóvão, o evento é organizado pelo grupo AGMH Antigomobilistas. Os apaixonados por carros que fizeram história no século passado aproveitam para ver essas raridades, em exposição todo terceiro domingo do mês de dez da manhã até uma da tarde.

Eduardo Rocha engrossa essa estatística, o técnico em carburação de 58 anos é um dos visitantes que realmente entende a história dos veículos automotivos. Um de seus preferidos é o Galaxy 67, segundo ele quando laçaram no Brasil foi o primeiro carro de luxo que o país recebeu. Quanto à sua posição sobre modificações e adaptações ele se põe firme “Na época a gente modificava porque era o carro da época. Mas o certo é o carro antigo para valer” declarou o antigo dono de um Dodge Dart 70.

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O empresário Pedro da Silva Feitosa, de 55 anos, é outro que tem uma relação de memória afetiva com as raridades sobre quatro rodas. Seu pai tinha uma Rural, e eram quatro filhos; três meninos e uma menina, eles e seus pais viajavam muito naquele veículo. Mas o pai acabou não permanecendo com o carro, então certa vez Pedro disse a ele, que um dia, compraria uma Rural, seu pai riu. Mas depois de sua morte em 2005, o empresário realmente o comprou em 2010, fez toda a parte de funilaria e pintura em São João Del Rei com o “seu Eli” e a parte de capotaria foi em Belo Horizonte com o chamado “seu Toninho”.

E não para por aí, a Rural tinha placa preta, ou seja, um veículo com mais de 80% de originalidade, na verdade conseguiu conquistar 90%. Sendo ele até estampado no jornal O Globo, já hoje o carro que possui é um Fusca que comprou em 2011, cujo dono anterior o tinha comprado em 1974, ou seja, o Fusca só esteve com três donos diferentes. Quanto a Rural, ele vendeu há dois anos, mas se sente feliz com relação à isso, pois o comprador também está feliz “mas meu filho disse que ainda vai recuperar a Rural” riu-se o motorista com a alegria de quem percebe que o veículo se tornou uma tradição da família.

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O radialista Heleno Rotay também é um dos apaixonados por essas joias sobre quatro rodas. Tudo começou desde quando ele era criança, com 10 para 11 anos de idade, seu tio tinha uma oficina bem ao lado de sua casa, por isso, quando ia visitá-lo “vivia enfiado dentro dos carros, mexia no rádio, no volante, isso por volta de 1975” relembra o campeão de audiência das tardes da Tupi. Ainda hoje ele ainda tem o conhecimento da funcionalidade do carro, sabe qual peça é preciso ser trocada caso haja algum defeito, normalmente já leva a peça comprada e só paga pela mão de obra. Hoje em dia tem um Polo Ret 2012, mas sempre teve um gosto especial pelo Maverick no âmbito nacional e da parte dos que vêm de fora pende para o Camaro.​

O evento é coordenado pelo grupo AGMH Antigomobilistas http://agmhantigomobilistas.blogspot.com.br/, cuja sigla é o conjunto das iniciais dos nomes dos fundadores. Eles eram um grupo de quatro amigos que em 2002, há quinze anos, se identificaram com o Museu Conde de Linhares em São Cristóvão. Mas mesmo hoje eles lembram que já estiveram em tempos melhores “Nosso evento ano passado estava lotado, de 150 a 200 carros, mas agora pela orientação do museu, não tem mais a parte do bar ou da loja de suvenires. Já se chegou até 380 carros, mas hoje houve apenas por volta de 50 veículos” relembra Paulo Zannine.

A exposição não é apenas mensal, mas também existe a comemoração anual. Esse ano foi em Junho na Cadeg, com uma maior exposição, público e brindes. Com a distribuição de camisetas, miniaturas, mas o que realmente atrai o público são as raridades sobre quatro rodas.

 

O FENÔMENO “FUSCA”

O fusca foi criado em Ferdinand Porsche em 1935, o carro tinha o preço popular de 990 marcos, foi o primeiro a ter câmbio seco de quatro marchas, pois só se fabricavam carros com caixa de câmbio inferiores a 3 marchas até então. Porém não tinha sido um começo fácil, já que o primeiro projeto não teve um bom rendimento só com dois cilindros.

A partir de então as evoluções do veículo foram constantes, mas nenhuma delas se comparou a de 1993, mas não houve mudanças técnicas, nem a carroceria nem o motor foram alterados, mas ganhou um novo design: mudanças na cor dos para-choques e detalhes no acabamento do carro, como volantes e estofamentos novos.

O Fusca ganhou o gosto popular não só pelo preço acessível, como também pela simplicidade que o fez se tornar até em estrela de cinema. Herbie é um personagem que protagonizou seis filmes e é literalmente um fusca, dentre os quais estão Se Meu Fusca Falasse (1968), As Novas Aventuras do Fusca (1974), Um Fusca em Monte Carlo (1977), A Última Cruzada do Fusca (1980), o remake do Se Meu Fusca Falasse (1997), o mais recente foi com a Lindsay Lohan Herbie – Meu Fusca Turbinado. O fusca branco pérola cativou a muitos e logicamente acarretou um enorme sucesso de vendas, o visual leve a praticidade em dirigir tornou o carro mais vendido até 2012.

Quanto aos fuscas cotidianos, o fim da fabricação foi em 1996 e a “FUSCA SÉRIE OURO” foram os últimos 1.500 fuscas fabricados, facilmente notados pela mudança estética “turbinada”.

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"O certo é o carro antigo para valer" - Eduardo Rocha

"Meu pai tinha uma Rural, éramos em quatro irmãos e viajávamos muito" - Pedro da Silva Feitosa

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